sábado, 4 de julho de 2020

A Sarça Ardente - 24

Lucio Muñoz, 8-86, 1986

O peso do passado adormece
no quarto da memória.
Dorme um sono de gaivotas
na areia da noite.

O oceano rodopia em ondas
de cobalto e ardósia.
O navio nublado da recordação
afasta-se do cais.

Sou um tripulante descuidado.
Olho as águas
e nas algas, o cardume de sombras
da sombra que fui.

Abril de 2020

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