Edouard
Boubat, France, 1977
Foi lenta a metamorfose. As coisas mais surpreendentes acabam por
parecer banais se o tempo nos habituar a elas. Contrariamente ao hábito, ela
abriu a janela. O facto, por inusitado, provou comentários. Também muito notado
foi o caso de, passados dias, aparecer no parapeito da janela um gato. Demorou
mais de meio ano para que ela, naquela altura ainda muito bela, surgir na
janela. Foi o alvoroço. Depois, tornou-se rotina. Passado um ano, nem ela nem o
gato saíram mais daquele lugar. Murmurou-se, mas o rumor depressa acabou.
Habituamo-nos a tudo e nem sequer foi problemática a descoberta que o
único ser vivo era, apesar de cortado, o ramo preso nas mãos dela. Floresce uma
vez por ano.
Talvez precisasse de mais do que um olhar, de mais do que um comentário ...
ResponderEliminarBom dia, Viandante.
Talvez, mas nunca se saberá.
EliminarBoa tarde, Maria.
HV
É ridículo vir aqui comentar um ano e tal depois... mas não resisti. É que a data é muito especial para mim; além disso gosto muito de gatos e de histórias assim género Twilight Zone.
ResponderEliminarBoa tarde, HV.
🌻
Maria (outra)
Não tem nada de ridículo. As coisas descobrem-se quando se descobrem.
EliminarBoa tarde, Maria
HV