Kishin
Shinoyama, 1968
O seu ar era puro e a maneira de andar recatada. Comecei a
esperá-la com ansiedade. Um dia, ganhei coragem e falei-lhe. Respondeu-me.
Acompanhei-a e disse-lhe que a iria buscar. Disse-me o nome e, para minha
surpresa, assentiu. Assim o fiz e quando me aproximava de casa convidei-a a
entrar. Não recusou. Ao fechar a porta, toquei-lhe no braço. Ela afastou-me com
delicadeza e despiu-se diante de mim. Eu ardia de paixão. Nua, ajoelhou-se,
sentou-se sobre os calcanhares, inclinou, levemente, o dorso para trás, a
cabeça para a frente e para baixo. Nunca vira nada tão belo. Não resisti, e
toquei-lhe. Horror. Estava fria. Sob os meus dedos, uma estátua de mármore.
Essa mesmo que vê no jardim.
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