Raoul Dufy - Dia de Festa (1906)
A cidade esqueceu-se de si e abriu-se a esta gente que festeja. O quê? Ele já nem sabe. Talvez um santo, talvez a história, talvez outra coisa qualquer. Pouco lhe importa. Caminha só entre as pessoas e vê nos seus olhos um brilho baço, uma luz sombria que choca com a sua solidão. Também ele festeja. No silêncio a que se abandona, ouve uma música que o chama. Então começa a dançar perante os olhos atónitos de quem o vê. Ergue-se nos ares, rodopia e todo o seu corpo é vertigem na noite. Fazem um círculo à volta da sua solidão e ele dança, dança com a noite, com o frio, dança consigo até que, exausto, se deixa cair nos braços que, para o aparar, a morte lhe estende.
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