segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Poemas do Viandante

147. SENTADO

todas as tardes
vinhas com prenúncio
de anoitecer

sentado
esperava a água da fonte
um murmúrio no jardim
o vento que soprava
quando queria

domingo, 2 de janeiro de 2011

Poemas do Viandante

146. FLOR

havia entre as flores
uma sem nome
ali abrigava-se
a esperança

se chovia se nevava
se a noite vinha
sobre o dia
era sob ela
que alguém cantava

sábado, 1 de janeiro de 2011

Deus

Deus. Terrível palavra onde escondemos as nossas cobardias. Máscara onde se ocultam traições. Quando chegará a hora onde o coração puro não precisará de tal palavra? Agora, o viandante virou hereje? Mas não será a maior das heresias fazer de Deus um vocábulo, essa capa onde o coração se dissimula?

Poemas do Viandante

145. ASSOMBRO

não sei do assombro
outra morada
apenas essa
onde te escondes
e chamas pelo meu nome
como se nele
residisse a sombra
ou o fogo que arde
no deserto
ao entardecer

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Poemas do Viandante

144. OLHAR

pouso a mão
sobre o tampo da mesa
e deixo deslizar pelo pânico
o olhar que se abre
no coração

a terra fria e desolada
queima-me os olhos
e como um grito
que cruza a noite
desagua na folha curva
o rumor da solidão

domingo, 19 de dezembro de 2010

Poemas do Viandante

143. INCÊNDIO DE PEDRA

um incêndio de pedra
adormeceu na seda
onde a noite se cobria

um arcanjo cantava
para que do fogo
viesse lento o dia

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Poemas do Viandante

142. JUSTIÇA

as pétalas de seda
que atiravam sobre quem passava
o som dos tambores ao longe
a promessa nunca paga

do que somos cúmplices
ainda não o sabemos

enumeramos crimes
pétalas caídas
juras por cumprir

quando ele vier
saberemos o que nos cabe
o peso das nuvens
a leve misericórdia
que não merecemos

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Poemas do Viandante

141. CORAÇÃO

se o coração pulsar
quando vier a noite
e assustado correr
batendo portas
riscando a giz e carvão
paredes ávidas de sinais

se o coração calar
a mágoa dessa ausência
o deserto de minha alma
quando espero e não vens

se assim se calar
ressoará ainda na terra árida
o exausto coração?

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Poemas do Viandante

140. AMOR

a prova do amor
a longa noite
onde o corpo arde
e a terra crepita
sob os teus olhos
silenciosos

à luz da cítara