Ana Hatherly, Palma de Maiorca, 1958 |
Umbrosas as cores
tumultuam sobre
os campos.
Aaron Siskind, Acolman 5, 1955 |
Hans Baumgartner, Primarschule im Hinterthurgau, 1947 |
Benvenuto Benvenuti, Avanti il tramonto, 1908 |
William Henry Fox Talbot, A Scene in a Library, 1844 |
Otto Scharf, Kartenspieler, 1905 |
Ernst Haas, Santa Fe, New Mexico, 1952 |
Artur Pastor, Santa Luzia, Algarve, da Série Outras Geometrias, anos 40-50 (ver aqui) |
Léonard Misonne, Coucher du Soleil, 1905 |
Ferreira da Cunha, Praça do Príncipe Real, 1945 (AML) |
Artur Pastor, da exposição Montalegre, Pequeno Grande Mundo (2022), anos 50 do sec. XX (visitar o site dedicado a Artur Pastor) |
John H. Gear, Aus Chioggia, 1908 |
Henri Cartier-Bresson, Hyeres, 1932 |
George Platt Lynes, Fashion Photograph for Lord and Taylor, 1940 |
Ruth Matilda Anderson, Máxima Hernández García, 1928 |
Eugène Atget, Jardin du Luxembourg, 1902 |
Amelia
C. Van Buren, Profile portrait of woman draped with a veil, 1917 (src L. of Congress) |
Artur Pastor, Oceano Atlântico, s/d |
Edouard Boubat, Ile Saint-Louis, Paris, 1975 |
Salvador Dali, Angel, 1947 |
Carta ao anjo de fogo e asas de gelo,
anjo definitivo arrebatado pelo voo,
preso à pele das mulheres de domingo,
as que trazem ramos no sulco das mãos.
Frésias, violetas ornadas de âmbar e água,
o pão escuro com que cobrem a fome,
a morna poeira das praças de Laodiceia.
Percutida, existe uma rosa em tua face,
a terrível beleza de um anjo,
e sobre a sombra da rosa mergulham
olhares enviesados e venais.
O muro que nos separa é uma cicatriz,
a fronteira que aparta o éter cintilante
da lama trazida pelas chuvas de Janeiro.
Uma pétala cai sobre a orvalho do jardim.
A rosa desfolha-se como uma ave cantante,
perdida de ramo em ramo.
Anjo, pássaro esquivo nimbado de nuvens.
Anjo,
misericórdia divina no mar da ruína.
Eis que estou à tua porta e bato.
Até de madrugada, lutarei contigo.
Ferido trarei a luz e um outro nome
para que todos me reconheçam
no silêncio da noite e na mágoa de cada dia.
Depois, sobrevoarás as ruas de Laodiceia.
Com o olhar marcarás na carne salgada
o vigor da vida e o murmúrio da morte.
A rosa desfolhada reflorirá ao ritmo da luz
e a terrível beleza que alucina os homens
derramar-se-á no linho das mesas,
na face das mulheres esquecidas de si,
na cintilação dos olhos cansados do Inverno.
1993
Paula Rego, O Gigante de Minsky, 1958 |
Aníbal Sequeira, O ganhão |
F. Galifi Crupi, Taormina, antique Greek theatre, 1910s |