quinta-feira, 9 de junho de 2022

Câmara discreta (11)

Max May, Kalter Rauhreiftag, 1908

Nesses dias em que o frio desce sobre a vida rude e envolve os corações com a névoa da melancolia, as pessoas saem do abrigo das suas casas e deixam-se surpreender no calor de uma conversa. Falam com palavras simples, quase rasas, sobre o tempo, sobre aquilo que as atormenta, sobre a esperança da chegada da Primavera. Na paisagem gélida do Inverno, as palavras são um fogo que se ergue para os céus, o símbolo de um sonho, o sinal de que a vida se erguerá sobre os escombros de cada morte.

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