quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Arqueologias do espírito 18

Johann Anton Castell, Lago di Como, 1841
Foi fora de si que o homem descobriu a serenidade. Envolvido no turbilhão da natureza, temeroso dos perigos que o assaltavam, não havia no coração humano um lugar para a plácida tranquilidade. Tudo nele era fogo e inquietação. Encontrou a serenidade no dia em que, tomado pelo eterno desassossego, estancou o olhar nas águas paradas do grande lago. Nelas reflectia-se o céu, e ele abriu os olhos de espanto. Esqueceu o perigo e desejou que todo o seu ser fosse um enorme e sereno lago, onde nada encapelasse as águas.

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