domingo, 17 de maio de 2020

Uma surpresa

Gjon Mili, Stroboscopic image of ballerina Nora Kaye leaping. 1947
A primeira vez que a vi foi numa fotografia estroboscópica, onde o seu corpo se decompunha numa multiplicidade indefinida de imagens. A técnica permite muitas coisas, das quais nunca se imagina a realidade. Conheci-a num grupo de amigos dados às artes. Os dias passaram e acabámos comprometidos. Daí ao casamento foi um curto passo. Infelicidade ou cansaço não serão as palavras adequadas. Passados alguns meses descobri que a fotografia que me atraíra era falsa. Não era uma ilusão mas a própria realidade. Ela era muitas. O sonho de qualquer homem? Duvido. Casei com uma mulher e agora tinha um harém em que todas as minhas mulheres eram a mesma, que continuamente se multiplicava. 

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