Jaime Burguillos, Ocaso, 1976 |
O teu silêncio preenche-me
o coração.
Dele faço palavras
e semeio-as na terra
virgem
presas na pétala pura
do provir.
O teu silêncio preenche-me
o coração.
Oiço-te no murmúrio
do mundo, na cidade
cercada
pela sarça ardente do
esquecimento.
O teu silêncio preenche-me
o coração.
A música das esferas
celestes
cai em cataratas
de abandono e rios de
verde e melancolia.
O teu silêncio preenche-me
o coração.
Atravesso o mundo
e a maçã que colhi
levo-a
na púrpura de seda dos teus segredos.
Março de 2020
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