Joaquín Mir - Amores cegos (1900)
A paixão amorosa é vista, muitas vezes, como o resultado de uma cegueira. De certa maneira, é assim. Contudo essa cegueira deve ser compreendida como aquela cegueira que atinge certos profetas, para que eles possam ver mais longe e mais fundo. A cegueira do apaixonado permite-lhe ver algo que só perante ele se manifesta e que só o seu estado de cegueira lhe permite ver. A paixão é um convite a ver outra realidade e a viver de uma outra maneira. A impotência dos homens para tal, a sua incapacidade em persistir no caminho que diante deles, por instantes, se abriu, transforma tudo numa ilusão que o tempo acabará por destruir. E de cego de amor transforma-se em cego real, isto é, vê aquilo que todos vêem.
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