Raoul Dufy - The Three Umbrellas (1906)
Noutros tempos chamavam-lhes sombrinhas. Ainda há quem chame? Pois, não sei. Estava retirado do convívio com o mundo, como sabe, e comecei a perder as referências. Como lhe dizia, aquelas sombrinhas eram a minha santíssima trindade. Daqui, aguardava, que sob a inclemência do sol, elas passassem. Vinham como uma promessa. Sempre pela mesma ordem. Aqueles chapéus-de-sol eram uma bandeira, a bandeira da minha pátria. Passavam lentamente. Por vezes, trocavam breves palavras com alguém conhecido. Nunca lhes vi o rosto. Oh não, não era Eros que falava em mim. Passavam e eu sentia-me salvo no vexame da minha prisão.
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