Jorge Apperley - Una bailarina del antiguo Egipto (1915-1916)
Foi em meados dos anos oitenta do século passado que começou. Nas primeiras vezes, tudo era impreciso, o contorno dos corpos, a melodia dos instrumentos, o movimento da bailarina. Depois, parece que aprendi a sintonizar-me. Mal adormecia, entrava no sonho. Chegava a ouvir a respiração delas e sentir o odor dos corpos. Ardia de desejo. Passaram décadas. O tempo não passou por elas. Tenho cabelos brancos, mas elas voltam sempre. Também lhes fui fiel. Uma noite, em que a febre do desejo me atormentou mais que o habitual, uma delas sussurrou-me numa língua que nunca ouvira: não tenhas pressa, estamos à tua espera. Também eu as aguardo.
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