Frantisek Kupka - Elogio (1912, 1919-23)
Não sei o que lhe diga. Acha, então, injusto a ausência de um elogio. Dar-lhe-ia ânimo e, diz-me, precisa de ânimo. Compreendo a sua necessidade de reconhecimento, mas não partilho a carência. Não pense que sobre mim caem elogios. Não caem, pode crer. Aliás, faço tudo para que não cheguem. Se alguém me faz um elogio, eu agradeço. Prefiro, porém, que o evitem. Não quero ser reconhecido? Um dia aspirei a isso, mas o tempo ensinou-me outra coisa. Mais importante do que o reconhecimento é ser desconhecido, é ser ninguém. Quando você, um dia, for ninguém, talvez mereça um elogio. Talvez.