Henri Rousseau - Carnival Evening (1886)
Tomaram o caminho da floresta. Ao chegar a uma clareira, o luar indicou-lhes que era ali o seu lugar. O vento desaparecera e as nuvens ficaram imóveis, para que a lua, a velha companheira do desejo e do mistério, não deixasse de os iluminar. Tudo era silêncio à sua volta. Olharam-se então pela primeira vez. Os olhos levaram tempo a habituarem-se à sombria luz que os envolvia. Quanto mais se olhavam maior era noite que crescia dentro deles. Sem se desfitarem, tiraram a máscara. Depois despiram-se. Estavam nus, um perante o outro, olhos nos olhos, a lua sobre os corpos e a noite, a noite de carnaval, apoderou-se de cada um. Na aurora de quarta-feira, os primeiros lenhadores, ao entrarem na clareira, viram, sob o silêncio do dia que nasce, um monte de cinzas. Ao lado, duas máscaras de carnaval.
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