44. CLAREIRA
a rede
animais prendia
o ramo partido
da macieira
cachos
a despontar
nas videiras
e o vento
noite fora
terror e cinza
apenas clareira
que se abria
no lugar
onde o coração
dormente
adormecia
domingo, 6 de setembro de 2009
sábado, 5 de setembro de 2009
Deixar vir
Deixar vir a noite com o seu silêncio, deixar vir a incerteza que a escuridão traz, deixar vir o sussurro da Voz que ecoa para lá do horizonte.
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
Poemas do Viandante (43)
43. SOBRE
sobre o rio
silêncio
de flores
espreita
a primavera
sobre o mar
nuvem
de cobalto
na voz
que espera
sobre o rio
silêncio
de flores
espreita
a primavera
sobre o mar
nuvem
de cobalto
na voz
que espera
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Esquecimento
Esquecer todos os projectos, os fins e os meios, esquecer-me até de esquecer, e deixar acontecer o puro devir do Espírito, segundo a lei que não conheço, a vontade que não domino, o fim que me ultrapassa. O esquecimento do esquecimento, eis a divisa que brilha no pendão.
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Poemas do Viandante (42)
42. SÓS
inclino-me
para a mudez
da tua voz
e no segredo
arvorado
pela noite
canto-te
como se
estivéssemos
sós
inclino-me
para a mudez
da tua voz
e no segredo
arvorado
pela noite
canto-te
como se
estivéssemos
sós
terça-feira, 1 de setembro de 2009
Dissipação
Passam os dias e o deserto cresce como uma ameaça ou uma promessa. Se quero agarrar o caminho, tudo se dissipa e é névoa, onde os olhos impotentes se cerram. Que faço tão longe de Ti? Que faço nesta prisão onde devaneio amarrado às sombras da velha caverna? São dias de chumbo os meus dias, horas sôfregas onde vejo o tempo passar diante de mim. Na inércia que me acomete, vagueio, mortal errante perdido de sua casa.
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segunda-feira, 31 de agosto de 2009
Poemas do Viandante (41)
41. A FRONTEIRA
a folhagem
batida pelo vento
o chão de areia
a casa vergada
pelo tempo
assim escutava
o sopro a bater
no canavial
a fronteira
que subtraía
de um o outro
coração
a folhagem
batida pelo vento
o chão de areia
a casa vergada
pelo tempo
assim escutava
o sopro a bater
no canavial
a fronteira
que subtraía
de um o outro
coração
domingo, 30 de agosto de 2009
Despotismo das circunstâncias
Um mês longe dos afazeres habituais, mas mesmo assim submetido ao despotismo das circunstâncias. O sentimento desse despotismo é a medida da ausência de liberdade.
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Poemas do Viandante (40)
40. GRITO DE SILÊNCIO
um grito
de silêncio
na cortina
do mar
sombra de água
cardume de limos
nuvem trazida
pela maré
um grito
de silêncio
na cortina
do mar
sombra de água
cardume de limos
nuvem trazida
pela maré
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
De Quedar a En-Gaddi
Das tendas de Quedar ao horto de En-Gaddi, será ainda um caminho que se desenha, uma viagem que se abre, uma luz que paira sobre a sombra do mundo? Vai o Viandante das trevas para as trevas, mas nele há a esperança de luz, a súbita presença da tua face, o odor a desprender-se de teus olhos. De Quedar a En-Gaddi é o meu caminho, entre vinhas que não guardaste, entre rebanhos cansados de meio-dia, entre as tuas mãos enegrecidas pelo sol. De noite saí de Quedar, declinava o astro quando me mataste a sede em En-Gaddi.
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