sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Sonetos de Outono (10)

Alfred Sisley, Bank of the Seine in Autumn, 1876

Como um pássaro já ferido canto

uma canção feita silêncio e dor.

Oiço o ritmo ancestral na fímbria

das folhas secas, no vazio da alma.

 

Trago em mim cada Outono vivo,

cada Outono preso aos dias passados,

ao calendário feito de erva fresca

e de memórias para sempre mortas.

 

Deixo que o ser na luz se revele livre,

na liberdade do mistério aberto

como um livro de orações sagradas.

 

Vou pela estrada sem destino claro,

sem o fulgor dos dias de Estio, acesos

no esquecimento do ardor da noite.

 

Dezembro de 2023 

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