sábado, 30 de dezembro de 2023

Sonetos de Inverno (2)

László Meitner, Inverno em Paris (Gulbenkian)

Estes dias de sombra trazem nas mãos

o bramar das aves negras de Inverno.

São presságios, são auspícios sem luz.

Uma carta tão fechada na noite.

 

Dança a chuva nas paredes das casas

destelhadas pelo vento do norte.

Dança a velha soberana no paço

carcomido pela morte das rosas.

 

Uivam lobos nas montanhas sem neve.

Grasnam corvos nas ramagens despidas.

Rugem homens esquecidos na cidade.

 

Nas gargantas das mulheres exaustas,

os murmúrios de um amor desprezado

a poeira sulfurosa os sufoca.

 

Dezembro de 2023


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