quinta-feira, 25 de julho de 2019

A rapariga da flor

Chas. A. Hellmuth, Study of Miss A., 1921
Lembro-me muito bem dela. Como poderia ser de outra maneira? O rosto transbordava de melancolia, o que não deixava ninguém indiferente. Não havia rapaz que não estivesse apaixonado por ela. Acabou por casar com um janota - hoje ninguém usa essa palavra, eu sei -, um daqueles homens inconstantes, quase femininos na preocupação com a aparência. Conquistou-a ao oferecer-lhe uma flor. Ela pegou nela, encostou-a ao coração e rendeu-se. Ele abandonou-a passados alguns meses. O que lhe aconteceu, pergunta-me. Não sei muito bem. Há quem diga que foi para outra cidade e que todos os dias compra uma flor que encosta ao peito, enquanto passeia melancólica com ar ausente. Não sei se é verdade.

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