Wassily Kandinsky - Ciudad Árabe (1905)
Aprender o despojamento. Esse exercício de abstenção de tudo o que é inútil, de tudo o que distrai da viagem, de tudo o que não passa de mera presunção de importância de um ego fustigado pelo temor da sua real inexistência. Chegar ao essencial e nele permanecer, despir-se dessas velhas vestes que o tempo e o modo acumularam sobre nós. Coleccionamos ocupações, preocupações, afazeres. Coleccionamos gostos, gestos idiossincráticos, múltiplos e infinitos desejos. Aprender o despojamento é olhar para tudo isso e ver a sua realidade evanescente, é descobrir na evanescência a sua verdade e a verdade de uma vida vivida na dependência de tudo isso. Por vezes, pensamos que essas coisas são o que nos prende à vida. De facto, são elas que nos levam à morte.
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