Paul Cézanne - A Turn in the Road at La Roche-Guyon (1885)
Uma curva na estrada. Ele parou, olhou em redor, e tornou murmurar: uma curva na estrada. Sentou-se. Estava cansado. A viagem tinha sido longa, mas sem grandes surpresas. Até aqui, o caminho sempre fora recto, agora aquela curva. O que haverá depois dela? Que mundo espera do outro lado? Deixou a memória vaguear por cada uma das etapas que o trouxera ali. Escolhera caminhos fáceis. Neles não havia segredos nem mistérios. Tudo se abria diante do olhar. Agora, tinha uma curva e um mundo que nela se escondia. Anoiteceu e ele continuou sentado à beira da estrada. Olhava à curva, fascinado. O cansaço era tanto que o sono venceu o fascínio. Quando acordou, olhou para a curva que tolhera a sua viagem. Desaparecera. À sua frente erguia-se uma enorme escarpa. Uma fronteira intransponível.