Francisco de Goya - Obsequio á el maestro
Não está o discípulo acima do mestre, mas o discípulo bem formado será como o mestre (Lucas 6:40).
Há duas maneiras de conceber a sabedoria. A modernidade, ao concentrar a ideia de sabedoria no conhecimento proveniente das ciências empíricas, concebe a sabedoria como cumulativa. O discípulo tem por objectivo ultrapassar o mestre. As sociedades não modernas, porém, viviam segundo uma matriz completamente diferente. Há uma sabedoria primordial que corre o risco, através do acto de transmissão, de se degradar e perder. Por isso, o mestre, se o for efectivamente, transporta essa sabedoria consigo, e o seu magistério será tanto mais completo quanto ele souber transmitir aquilo que recebeu. Nem mais nem menos. E o discípulo o máximo a que pode aspirar é emular o mestre e tornar-se, como ele, em mestre. No cristianismo, o mestre supremo, o detentor da sabedoria primordial, é o próprio Cristo, o modelo proposto a todos os discípulos, isto é, a todos os homens, e no qual todos os homens se devem tornar.