Bartolomé Esteban Murillo, El regreso del hijo pródigo, 1668
No seu núcleo mais misterioso - e por isso mesmo mais espiritual - o nascimento do Menino Jesus não será outra coisa se não o regresso do filho pródigo. Os textos das tradições sagradas possuem uma espécie de circularidade, na qual um mesmo sentido é dito de maneiras diversas, remetendo as narrativas umas para as outras, como se lutassem para que um sentido decisivo, embora obscuro, não se perca. Seja no nascimento, seja no regresso, estamos sempre confrontados com a chegada do que não se espera, com o inusitado de uma presença que anula o absurdo da ausência. No nascimento do Menino, é o filho pródigo que se torna presente. No regresso do filho pródigo é o Menino que se afasta da sua ausência.
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