Carlos Morago, Arboleda, 1998
Um bosque é o suficiente para alimentar o romantismo que nos
habita. Desesperado, talvez por um desgosto de amor ou por um desastre
financeiro, ter-se-ia suicidado entre as árvores. O local não deixa de ser
convidativo aos grandes gestos, mas a verdade é bem diferente. Não se lhe
conheciam paixões ou interesses. Entrou no bosque, é certo, mas o seu corpo
nunca foi encontrado. A versão mais razoável é a que conta um amigo que o
acompanhou. Chegado à clareira, ao anoitecer, disse-lhe. É aqui que vou ficar.
Logo o corpo começou a sofrer uma estranha metamorfose. Quando a luz da manhã
chegou, ele era aquela árvore que ali vê. A mais alta e imponente de todas. O
resto são fantasias.
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