sábado, 22 de dezembro de 2018

A rainha da noite

Milton Greene, Marilyn Monroe, 1953

Todas as histórias que se contam sobre a sua morte são apócrifas. Servem para serenar a razão e tranquilizar os súbditos. Eu vi como tudo aconteceu. Como sempre, ela estava vestida de negro. Naquela noite, ao contrário do hábito, não deambulou entre os presentes, nem dançou. Sentou-se no chão descalça. A parede de vidro deixava perceber a noite cerrada sem lua nem estrelas. O que se via do seu corpo era luminoso. Fiquei fascinado. Não era o único. O fascínio, porém, logo deu lugar ao sobressalto quando ela começou a perder o brilho. Depois, sobreveio a comoção. Corremos para ela. Não estava morta nem viva. Tinha-se apagado, literalmente.

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