139. METÁFORAS
tristes e pobres
as metáforas
que me couberam
vieram até mim
e tocaram-me com
os dedos esquálidos
de quem foge
à luz da madrugada
terça-feira, 30 de novembro de 2010
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Poemas do Viandante
138. AZUL
o azul desprendia-se do céu e
caía em flocos
sobre praças e rios
caía pelos cabelos
de mulheres exaustas
caía nos bosques verdes
de musgos sombrios
o azul que do céu se desprendia
o azul desprendia-se do céu e
caía em flocos
sobre praças e rios
caía pelos cabelos
de mulheres exaustas
caía nos bosques verdes
de musgos sombrios
o azul que do céu se desprendia
sábado, 27 de novembro de 2010
Poemas do Viandante
137. RECOLHIMENTO
recolho-me na tarde
o sol mortiço
ainda lembra o alvoroço
com que os dias grandes
eram recebidos
a luz não mais terminava
a noite hesitava chegar
o véu que da memória vinha
quebrava o embaraço
com que esperava
recolho-me na tarde
o sol mortiço
ainda lembra o alvoroço
com que os dias grandes
eram recebidos
a luz não mais terminava
a noite hesitava chegar
o véu que da memória vinha
quebrava o embaraço
com que esperava
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Poemas do Viandante
136. PALAVRA
essa palavra tão elementar
rio nocturno
a brilhar na distância
que vai do medo
à solidão
com ela falavas
do sofrimento
esse estranho ardor
mais próximo do abandono
mais próximo do verão
ofício de silêncio
no segredo que esconde o
frio fogo do amor
essa palavra tão elementar
rio nocturno
a brilhar na distância
que vai do medo
à solidão
com ela falavas
do sofrimento
esse estranho ardor
mais próximo do abandono
mais próximo do verão
ofício de silêncio
no segredo que esconde o
frio fogo do amor
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Poemas do Viandante
135. FRIO
veio o frio
sobre a distância
que separa
veio cego
e de mão decepada
lança uma chama
de vidro
como se a vida fora
uma rosa esquecida
no coração
da madrugada
veio o frio
sobre a distância
que separa
veio cego
e de mão decepada
lança uma chama
de vidro
como se a vida fora
uma rosa esquecida
no coração
da madrugada
domingo, 21 de novembro de 2010
Cântico
Se um deus em mim um canto rememora
é para que da luz da tarde esqueça
o fulgor insensato, ela o derrama,
e da vida só sombras me devorem.
Canto, sagrado canto, eu te oiço,
quando passam as nuvens frias do céu.
O Verão breve foi e desse Outono
ténue luz desfolhada arde e se vai.
Leve, de mim se afasta, se encobre
na floresta sombria e opaca, o pássaro
que da ventura o nome sempre sabe.
Olho-o. Vendo-me, logo se ergue e voa.
Arrasto pelo chão os dedos feridos,
mas a morte tão longe ainda vem,
mesmo que sobrevenha neste instante,
tão tarde ela será para que a cante.
é para que da luz da tarde esqueça
o fulgor insensato, ela o derrama,
e da vida só sombras me devorem.
Canto, sagrado canto, eu te oiço,
quando passam as nuvens frias do céu.
O Verão breve foi e desse Outono
ténue luz desfolhada arde e se vai.
Leve, de mim se afasta, se encobre
na floresta sombria e opaca, o pássaro
que da ventura o nome sempre sabe.
Olho-o. Vendo-me, logo se ergue e voa.
Arrasto pelo chão os dedos feridos,
mas a morte tão longe ainda vem,
mesmo que sobrevenha neste instante,
tão tarde ela será para que a cante.
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