Fernando Lerín, Sin título, 1985 |
Os olhos inclinam-se para longe,
esperam a chegada do Outono
com os seus deuses de folhas mortas.
Vagaroso, soletro as letras do alfabeto,
componho palavras para as escrever
em farrapos de papel que deixarei
levedar na transparência do dia.
Dobrado sobre a véspera do que virá,
oiço o fluir dos murmúrios da rua,
o rastejar do desejo na sombra
do fogo vindo da várzea do vento.
Janeiro de 2021