segunda-feira, 2 de novembro de 2020

O sal do silêncio (39)

William Turner, Barco a arder, 1826

Um barco arde no silêncio do mar. Aos céus elevam-se águas em fogo e as colunas de fumo lembram o dia em que Ifigénia foi imolada, para que os helenos tomassem o rumo da perdição de Tróia. Num bote oculto pelas ondas, o deus dos oceanos faz a contabilidade dos vivos e dos mortos, enquanto o vento sopra e as nuvens se avermelham, reverberando como um lençol de cobre batido pela inclemência solar.
 

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