segunda-feira, 11 de maio de 2009

O mar incriado

Mergulhar no mar incriado da divindade pura, diz Angelus Silesius. Apenas isso e nada mais do que isso. Mas como entrar nessa água? Saber-nos-emos despir para que o mar não nos confunda? Se se despir completamente, se tirar uma a uma as peças de roupa que o revestem e mascaram, haverá ainda uma distinção entre aquele que mergulha e a água desse mar incriado onde mergulhará? Despir-se de si, abandonar-se, tornar-se vazio; o mar aí estará no puro esplendor do que não tem começo nem fim.

1 comentário:

  1. Este ciclo de textos sob o título Abandono é sublime.

    Em relação ao Mar Incriado, ocorre-me Rimbaud:

    Elle est retrouvée.
    Quoi ? L'éternité.
    C'est la mer allée
    Avec le soleil.

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