Henri Rousseau - River Bank (1890)
Sempre a vi ali. Sentada, contempla o rio. Por vezes, levanta a cabeça e observa o arvoredo ou o casario, como se esperasse algum sinal, mas logo o olhar volta para o fluxo das águas. Nunca ninguém lhe dirige a palavra. Quem por ali passa ignora-a ou, comecei a desconfiar, não a vê. O banco é só dela e, por instinto, suponho, todos respeitam a propriedade. Nunca sai dali? É isso que quer saber? Se se ouve o dobre a finados, ela levanta-se, entra no barco, pega nos remos e desaparece na curva do rio. Quando volta, senta-se e volta a fixar os olhos nas águas que passam. Em silêncio.