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domingo, 17 de maio de 2009

Morte e ressurreição

Morte e ressurreição, a estranha promessa sobre a qual um mundo foi construído. Mas a nossa estranheza repousa apenas na desatenção com que olhamos a vida. A cada instante vivemos a Sexta-feira Santa e o Domingo de Páscoa, a cada instante a morte é condição de possibilidade da ressurreição. A promessa da ressurreição não nasce, desta forma, de uma possibilidade metafísica, de uma especulação fundada na imaginação, mas da pura atenção ao acontecer. A ressurreição tem uma génese empírica, génese essa que nasce da contemplação do devir temporal. Onde o tempo actua, eu vejo a morte triunfar e no mesmo instante observo a ressurreição que aniquila morte. A ressurreição é a morte da morte, e a vida não mais do que esse perpétuo jogo, que o tempo traz e oculta.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

O mar da eternidade

O tempo passa tão rapidamente entre os trabalhos que a vida traz, que parece nada já existir para além do tempo que passa. Pesados grilhões são o tributo ao ardil do relógio, obscura volúpia que nos suga para o interior vazio que o habita. Agora que cheguei aqui, peço ao silêncio redentor a carícia da solidão. Fecho os olhos e penso na luz que me habita, nessa palavra que proferiu o meu nome e me trouxe ao mundo. Esqueço-me do tempo e calo o coração ao mergulhar no mar a que, à falta de melhor, chamo eternidade.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Princípio de entropia

Tudo se desordena na minha vida, como se um princípio de entropia a regulasse e nada tivesse a força suficiente para a abrir ao essencial, aumentar a ordem e configurar de forma nítida a existência. Os dias passam, as horas, os minutos, os segundos, tudo passa inclemente, e nesta vertigem o real desagrega-se e o princípio que poderia suster-me parece abandonar-me. Se tento recolher-me para encontrar uma direcção, uma multidão de pequenas distracções vem até mim e os múltiplos mundos que podem existir no meu visitam-me e cindem-me ainda mais e mais. Cansado e sem norte, deixo-me atrair por qualquer coisa, desde que evite a realidade e as prescrições que a realidade tem para oferecer. Se ao menos pudesse silenciar o pensamento…