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domingo, 8 de outubro de 2017

Máscara

György Kepes - Juliet, 1937

Nesta fotografia de György Kepes, o que perturba o espectador não é a máscara que, na sua complexidade, cai sobre o rosto de Juliet. Perturbante é a severidade dos lábios que são dados a ver. É esta perturbação que leva à questão crucial: o que oculta uma máscara? Ingenuamente, pensa-se que é um rosto. Olhando aqueles lábios, porém, percebe-se que toda a máscara oculta o espírito, que ela faz parte da luta para que invisível não se torna, por algum descuido, visível.

terça-feira, 29 de novembro de 2016

A verdadeira face

James Ensor - O teatro de máscaras (1908)

Raramente se pensa, ao valorizar a dimensão ética da pessoa, a presença nela, como pertencente ao seu núcleo, da máscara social - a dimensão da persona - que possui o duplo efeito de proteger o indivíduo nos seus contactos sociais e de distorcer a verdadeira face que se esconde sob a máscara e aniquila a autenticidade.  Deste ponto de vista, a pessoa é já uma inautenticidade. A vida espiritual é a viagem que conduz da máscara à verdadeira face, da pessoa ao si-mesmo. O perigo, porém, é grande, pois a verdadeira face pode ser sentida pelo outro como uma ameaça terrível e pelo próprio como uma fragilidade inultrapassável.

domingo, 18 de setembro de 2016

Sobre a camuflagem

Pancho Gutiérrez Cossío - Camouflage (1921)

A camuflagem, em aparência, é um exercício que visa evitar o reconhecimento pelo outro. Fundamentalmente, quando este outro é um inimigo ou um predador. A camuflagem surge, deste modo, com um exercício vital. A sobrevivência depende da arte do disfarce. Rapidamente, a espécie humana transferiu a dissimulação da esfera da luta pela sobrevivência para a da vida social, como se sentisse também nesta uma ameaça. Sem dar por isso, tomou aquilo que é um mero expediente de sobrevivência como sendo a sua própria natureza. Tomamos a máscara, ou o efeito de camuflagem, como a nossa efectiva realidade. No momento em que o homem sente um suspeita sobre a distância que vai entre a camuflagem e a realidade de si mesmo, nesse momento começa a aventura espiritual. Até ali, o que via era apenas e só o animal acossado que também é.

domingo, 14 de junho de 2015

A ocultação de si

José e Togores - Figura escondiéndose (1925)

Há duas formas como os seres humanos se entregam à ocultação de si. Uma, aquela que é mais compreensível, em que tentam afastar-se, de forma mais ou menos ostensivo, da claridade que é o espaço público. Não querem ou não suportam, por diferenciados motivos, que os holofotes incidam sobre a sua pessoa. Esta ocultação não é a fundamental e, na verdade, não é diferente do comportamento antagónico, o daqueles que ostensivamente se mostram na clareira pública e exigem que os holofotes incidam sobre eles. A segunda ocultação é aquela em que a própria pessoa oculta aquilo que há de essencial em si, aquilo que está para além da máscara que a pessoa é. Geralmente, esta ocultação é tão forte que os seres humanos se sentem reduzidos à sua máscara, e de si não sabem mais do que os revérberos desta máscara no espelho social.