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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

De negro em negro

Wassily Kandinsky - Mancha Negra I (1912)

Por vezes o negro é sintoma de que o espírito se perdeu no caminho, se entregou à errância e que já não consegue descortinar a estreita senda que o levaria a bom porto. Outras vezes, porém, o negro - a noite escura - é apenas a antecâmara da chegada da luz. O mais importante não é distinguir uma negridão da outra, mas aprender a transformar a primeira na segunda.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Na escura noite

Sol LeWitt - A dark square on a light square and vice versa (1982)

All that understanding can grasp, all that desire can desire, that is not God. Where understanding and desire end, there is darkness, and there God shines. (Meister Eckhart, Sermon Eighty)

Suspender o pensamento e o desejo, suspender a razão e a vontade. Como será possível tal coisa? Não dependemos, na nossa vida, do entendimento e da faculdade de desejar? Não será a escuridão - aquilo que resulta da suspensão do pensamento e do desejo - o que mais tememos? Não será essa escuridão a própria morte? Sim, essa escuridão é a morte, não a morte biológica, mas aquela que elimina as ilusões do nosso entendimento e os devaneios do desejo. Só dela podemos ressuscitar, quando, na escura noite, a Luz brilhar.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

O mistério da noite

Alphonse Osbert - O mistério da noite (1897)

As sociedades modernas dividiram a noite segundo uma tripla possibilidade. A noite como o tempo de descanso, como o tempo da diversão e como o tempo de trabalho. Esta tripla consideração do tempo nocturno tem por função matar o mistério da noite, impedir que ele simbolize para o homem alguma coisa de essencial. O mistério da noite reside na possibilidade que nela a luz se manifesta com mais intensidade. O mistério da noite é o da vitória luz sobre as trevas.

sábado, 24 de janeiro de 2015

De porto em porto

Paul Signac - Port of La Rochelle (1921)

O porto simboliza um momento especial da viagem. Marca a chegada a um certo patamar de compreensão e de luz. Ao mesmo tempo indica uma nova necessidade de partir, de entrar no não conhecido e no não luminoso. A tranquilidade de chegar a bom termo indica sempre a ânsia de procurar uma nova luz.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Rasgar a penumbra

Lyonel Feininger - Calle en penumbras

Rasgar a penumbra para que a luz venha, não de súbito, mas lentamente, à medida que se avança no caminho e que os olhos vão suportando novas e mais intensas claridades.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

As luzes do mundo

Otto Dix - Lichtsignale (1917)

A ânsia do homem pela luz leva-o muitas vezes a confundir as luzes do mundo com a luz do espírito. Basta, porém, alguma atenção para se vislumbrar, sob os efeitos das luzes mundanas, os sinais da morte e das trevas. Sempre que, pela mão do homem, a luz se excede em brilho e em exuberância, deveremos de imediato suspeitar que algo muito negro se acoita e esconde naquele brilho.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Atravessar a escuridão

JCM - Heimat XII (2007)

Aprender a traçar um mapa na escuridão. Caminhos que unem pequenos pontos de luz, algumas manchas luminosas a indicar um aglomerado de vida, o mistério das cores que vencem as trevas. A viagem não é mais do que esta travessia na escuridão na esperança de que tudo se torne luminoso. Não torna, essa não é a condição deste mundo nem de quem nele vive. Há que atravessar a escuridão.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

A tradição e o coração

Albert Bloch - The Blind Man (1942)

Deixai-os; são cegos condutores de cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova (Mateus 15:14).

Cegos condutores de cegos. Esta referência, sempre tão citada, emerge, segundo Mateus, numa discussão sobre as tradições. O que está em jogo é a distinção entre uma tradição formal e ritualista, a dos escribas e dos fariseus, e uma orientação do coração proposta pelo Cristo. O coração, porém, deve ser entendido num espectro semântico muito mais amplo que o do mero sentimento. Trata-se antes da disposição do espírito e da luz que dele irradia. Quando a luz do espírito é substituída pelo código dos rituais, os homens tornam-se cegos. Eis um debate que preserva toda a sua actualidade.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Romper a névoa

JCM - Mitologias (numa manhã de nevoeiro) (2014)

Romper a névoa e ansiar a luz que está para além dela.

domingo, 12 de outubro de 2014

Perdido no nevoeiro

JCM - Mitologias (presenças) (2014)

Perdido no nevoeiro, o viandante sente presenças reais, mas não consegue determinar-lhes os contornos nem descobrir o caminho que seguem. E ele não é diferente dessas presenças. Dias após dia, ano após ano, caminha, mas raramente o nevoeiro se levanta e o caminho se mostra nítido e luminoso. Viver no nevoeiro é o seu estranho destino. Sente presenças reais à sua volta e aspira a que, um dia, a luz rompa a densa muralha da névoa.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

A raiz luminosa

JCM - Raiz e Utopia (a descida da luz) (2007)

Muito facilmente se toma a raiz como o símbolo daquilo que liga o homem ao que é obscuro, à profundidade tenebrosa dos elementos telúricos, ao que se esconde e não se deve, em si mesmo, manifestar. Mas se as raízes do homem estiverem não nas trevas mas na luz, como compreender então a simbologia da raiz? A raiz será, nesse caso, a luz que desce para iluminar até aquilo que há de mais obscuro, será uma raiz luminosa.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Como terra seca

JCM - Time on space (2007)

Como a terra seca, também o espírito do homem abre fracturas, sinais de longos períodos de seca, onde a espera cava zonas obscuras. Ali está a dor, o abandono, a desistência, mas também a esperança de que algo venha iluminar o espírito e trazê-lo para paisagens mais verdejantes.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Vencer a escuridão

JCM - Black & White Dreams (2014)

Raramente o homem compreende que está envolto pela escuridão mais tenebrosa. Na verdade, a viagem espiritual não é outra coisa senão a luta contra essas trevas, o exercício de abrir pequenos rasgões na cortina pelos quais a luz possa penetrar e iluminar - por pouco que seja, e é sempre tão pouco - o homem na sua falível humanidade. ´Que fazer? Vencer a escuridão.

sábado, 23 de agosto de 2014

A luz e as trevas

JCM - Mitologias (Sonho numa noite de Verão) (2014)

O tema da luz assedia a imaginação do homem de tal maneira que nunca estará esgotado. Sempre novas configurações do tema virão adicionar-se às anteriores, projectando novos clarões sobre as densas trevas. Seja a luz natural da razão que a modernidade e o iluminismo incensaram ou a luz sobrenatural vinda de não se sabe que primórdios, a verdade é que a luz parece ter apenas um parco poder, o de abrir uma clareira nas escarpas da escuridão. E isso tem sido o suficiente para o infinito trabalho da imaginação sobre a eterna luta entre a luz e as trevas. 

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

A sombra que nos acolhe

JCM - Ruínas. Cabo Espichel (2014)

A sombra que nos acolhe não é apenas um lugar onde nos protegemos dos excessos do calor. A sombra é, ao mesmo tempo, a nossa condição e o observatório de onde olhamos a realidade. Como seres humanos, não somos nem trevas absolutas nem a pura luz, mas essa mescla que é a sombra. E é dela - dessa sombra - que perscrutamos o horizonte para delinear cada etapa da viagem que nos cabe.

domingo, 17 de agosto de 2014

Na densa névoa

JCM - Mitologias (o dia de  retorno de D. Sebastião) (2008)

Subir a escarpada montanha e adentrar-se na densa névoa, rasgar um caminho - o seu caminho - na pedra inóspita e velada pelos céus. Esta é a viagem do viandante. Move-o o puro caminhar, pois em cada passo há uma luz que se abre e o orienta - como se, estando ela ali, o chamasse de longe - na densa névoa que é a vida dos homens na Terra.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Cegos e guias de cegos

JCM - Distopia (o olho do panóptico) (2014)

Deixai-os. São cegos e guias de cegos. Ora, se um cego conduz a outro, tombarão ambos na mesma vala. (Mateus 15:14)

É no contexto de uma discussão sobre o que é a tradição que surge esta resposta. Por que razão se diz que se está perante cegos e guias de cegos? Porque a tradição espiritual é reduzida à observância ritualista sem relação com a vida verdadeira. É a ausência de contacto com a vida do espírito que torna os homens cegos. E aqueles que os guiam são ainda cegos, talvez mais cegos, pois vendo não vêem a vida. Cuidam apenas de um sistema de observação - que hoje diríamos distópico - que permite controlar a observação exterior das regras rituais sem tocar naquilo que vivifica o homem, e lhe dá a possibilidade de passar da cegueira à visão.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Um traço de luz

JCM - Origem da Vida (2014)

Um traço de luz irrompe nas trevas e, lentamente, dissemina-se na planície da noite. Onde tudo parece ausência, lentos grãos de vida brotam da escuridão. Sementes carregadas de esperança anunciam a via, a verdade e a vida.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Puras silhuetas

Man Ray - Silhouette of Lee Miller, Paris (1930)

Entre as trevas que se temem e a luz que não se suporta, repousamos na sombra como quem encontra o compromisso certo que permite a continuação da vida. E tudo o que somos, pensamos, fazemos e sofremos vem marcado por esta condição sombria, por esta mistura que nos torna em puras silhuetas.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Na solidão da paisagem


Na paisagem escarpada, no território acidentado, encontra o viandante o difícil caminho que o espera. Por vezes, chama-o a luz; outras, é o segredo da terra que o aguarda. Entre a luz e as trevas, terá de abrir a via, aquela que apenas ele, na solidão da paisagem, poderá trilhar.