sábado, 20 de julho de 2024

Sonetos de Verão (3)

Ana Hatherly, sem título, 1971 (Gulbenkian)

O livor destes dias faz de Julho

o mais ímpio dos meses de Verão.

Claras nuvens no céu são o prenúncio

do jardim onde as horas se recolhem.

 

Escondeu-se o Sol e dardejou

sem clemência os homens impudentes.

Vozes clamam ao longe, fatigadas,

rasgam turvos silêncios em sua dor.

 

Escondi o meu corpo na caverna

onde moram os sonhos e dormi,

esquecido dos dardos invencíveis.

 

É o áspero rumo que me leva

desta terra sem ruas, sem rumores,

ao local onde morre o Sol no mar.

 

Julho de 2024


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