quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Diálogos morais 62. Perfumes

Horst P. Horst, London, 1936
- Está a ver, ali ao fundo...
- Não, mas adoro o seu perfume.
- Adora?
- Imenso, fui eu quem lhe o ofereci.
- Está enganado.
- Como?
- Equivocado. Não me ofereceu o meu perfume.
- Não está a falar a sério. Não se atreveria a...
- Dispenso-lhe a insegurança. O que me ofereceu foi um perfume...
- Sim, isso mesmo, e adoro o seu aroma.
Adora o perfume que comprou, mas esse não é meu. O meu perfume recebi-o de outros.
- De quem?
- Não tem grande queda para distinguir os odores.  A química não é o seu forte.
- Diga-me quem lhe deu o seu perfume.
- É uma herança. Recebi-o nos genes, mas esse não o empolgou. 

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