Pierre Dubreuil, Jazz, 1939
A música que se escutava naquele dia talvez não pertencesse a este mundo. Quem sabe? As coisas são muito mais estranhas do que parecem. Os músicos tocavam e o par, o único que se atrevia na pista, dançava extasiado. Talvez estivessem apaixonados. Os seus corpos unidos pelo ritmo pareciam ter-se libertado do império da gravidade. Quando o frenesim cedeu ao que se podia chamar um andamento larghissimo, o par quase parou. Uma invulgar - não sei que outra palavra possa utilizar - emanação desprendeu-se deles. É aquela sombra que vê na parede. Eles desapareceram há muito, mas a sua sombra ali está, inamovível, para comprovar que eram tão reais como eu ou você, ou esta música que nos envolve ao dançarmos.
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