Deborah Turbeville
A casa era grande e a porta estava aberta. Não hesitei.
Recebeu-me o silêncio. Uma luz suave vacilava ao cair. Por vezes, irrompia um
cântico. Parecia gregoriano, mas não era uma língua humana o que se ouvia.
Passei por elas muitas vezes, mas nunca deram por mim. Iam e vinham.
Sentavam-se aqui ou ali. Vi-as deitadas. Sempre silenciosas até que se juntavam
e o canto voltava. Nessas alturas, o meu coração abrasava. Não sei se deambulei
ali dias, meses, anos. Sei que um dia exclamei “estou morto!” Nesse instante,
tudo desapareceu. Eu estava na rua e esperava o autocarro. Ele chegou, entrei e
sentei-me. Então o canto voltou e elas sentaram-se à minha volta. Uma murmurou:
a tua casa aguarda-nos.
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