quinta-feira, 26 de novembro de 2015

O sol da manhã

Edward Hopper - Morning Sun (1952)

Acabou a noite. Sento-me e espero. Esta estranheza do dia que começa, a música que se aproxima vinda de longe, as praças lá fora. Enquanto dormia, estas praças estariam lá? Esperariam pelo meu olhar ou pelo sol da manhã? Tenho de me levantar. Aguardam-me e eu tenho de pôr a cabeça em ordem. Tantos pensamentos, as mãos deslizam, e os sonhos. Sim, o pior são os sonhos. Apanham-me a dormir e apoderam-se do meu sono, para depois desaparecerem, deixando um vestígio difuso. Um corpo alado: um pássaro, um anjo? Não sei, e a luz matinal obscurece tudo, entra no quarto, ilumina-me o corpo e apaga a noite. Oiço um piano. As minhas mãos deslizam nas teclas, enquanto os meus olhos, cegos pelo sol da manhã, procuram em desespero a pauta.

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