domingo, 5 de abril de 2015

Da imperfeição do amor

Francisco Arjona - Amor imperfecto (1984-86)

E deixa o meu pranto chegar a Ti. (T. S. Eliot, Quarta-feira de cinzas VI)

Eliot conclui assim o último poema de Quarta-feira de cinzas. E o viandante interroga-se sobre este pranto, sobre a estranha necessidade que o poeta tem em que ele se eleve a Deus. E só um motivo ele descobre que mereça o pranto e a necessidade de o elevar ao Alto, o da imperfeição do amor. A limitação da capacidade de abrir-se à interpelação do totalmente Outro, de O escutar e de O fazer viver na comunidade dos homens. E talvez tudo isto se possa ainda explicar pelo primeiro verso do primeiro poema: Porque eu não espero voltar outra vez.

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