sábado, 14 de junho de 2014

O espírito e a guerra

Arnold Böcklin - A Guerra (1896)

É preferível que não nos lamentemos da sujeição a que nos submete uma miséria como a guerra e não pretendamos que ela impeça a entrega à vida do espírito; pelo contrário, é nela que a vida do espírito toma toda a sua força e todo o seu ardor. (Louis Lavelle, Carnets de Guerre 1915-1918)

Com estas palavras, o filósofo francês Louis Lavelle, inicia os seus Carnets de Guerre 1915-1918. A vida espiritual não pertence apenas ao puro domínio da contemplação no deserto ou na vida cenobítica. Ali, onde a vida se manifesta no que tem de mais trágico e aterrador, também é o lugar do espírito. O trágico da existência  faz parte da viagem espiritual. Onde deveria o espírito manifestar-se com mais força e com mais ardor se não no lugar da maior tormenta? Não era Paulo que dizia: onde abunda o pecado, superabunda a Graça? Não é a guerra a superabundância do erro e da errância, isto é, do pecado?

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