António Costa Pinheiro, Fernando Pessoa - Heterónimo, 1978 (Gulbenkian) |
Cansei-me da homonímia, de transportar pela ruas, como quem caminha pelo infinito, o mesmo nome. Ser esse nome a cada hora não é apenas infausto, mas traz uma sonolência que, a partir de certa hora, é impossível resistir. Não criei outros eus, mas dei-me outros nomes, para poder resistir ao sono e ter todas as horas à minha disposição. Se um eu dorme, os outros estão de vigília. A vida é demasiado pobre para quem tem apenas um nome.
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