domingo, 23 de março de 2025

Diálogos morais 68. Fantasia

Eugene Robert Richee, Betty Grable, 1930s

- Encosto-me a ti e sinto o teu corpo, quente e suave. 
- Eu, pelo contrário, sinto a tua imagem fria e metálica.
- É uma conquista.
- Uma conquista?
- Pensava que, qualquer imagem, apenas fosse visível, afinal também me sentes.
- E...
- Terei também um corpo, ainda que frio e metálico.
- Não, não passas de uma imagem no espelho, uma fantasia.
- Estás enganada.
- Eu...?
- Sim, tu. Sou uma fantasia, mas...
- As fantasias não têm realidade, não há lugar para qualquer mas.
- Pelo contrário, sou uma fantasia e sonho-te.
- A mim.
- Sim, a ti. Sonho-te para te possas ver no espelho e eu possa existir.

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