quinta-feira, 23 de março de 2023

A memória do ar (10)

Robert Doisneu, La gargouille de Notre Dame, 1969
Rainhas dos ares, quase anjos, quase animais, pura matéria inerte, as gárgulas  olham o horizonte, vigiam as nuvens, perscrutam os aviões, oferecem o seu corpo de pedra ao cansaço das aves. Diante delas, o ar rodopia num turbilhão, para depois, bonançoso e invisível, pousar sobre a terra como uma canção que lentamente se silencia.

Sem comentários:

Enviar um comentário