Stephan Vanfleteren
Eis as minhas mãos. São assim, já não me lembro como foram. Como eram pequenas e cresceram acompanhando o ritmo do corpo, não o sei. Tornaram-se poderosos, diz-me a memória que resta. Pegaram no mundo e ergueram-no, tocaram em corpos que enlouqueceram, imagino. Agora são um mar de rugas, a pele gasta, uma vontade de inércia. Dantes, guiavam-me, iam sempre à minha frente. Hoje não sei o que fazer com elas. Olho-as, mas não sinto nostalgia. Dizem-me que elas teriam muito a contar. Talvez, mas a verdade é que quase não me lembro. São apenas umas mãos escavadas pela enxada do tempo.
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