Eduardo Batarda - Composition (1988)
Cheguei ao extremo da razão. A partir daqui tudo perde a luz clara trazida por uma arquitectura sóbria e rectilínea. A minha casa, a rua onde vivo, a cidade... Tudo isso é um labirinto. Fio de Ariadne? Para quê, se a saída do labirinto me leva a um outro, e a saída deste me precipita num novo labirinto? Na verdade, descubro-o agora, não há retorno ao palácio iluminado pela luz da razão. Dou um passo na nova escuridão e o meu coração estremece. A noite caiu sobre mim e nada mais resta do que caminhar, mãos a roçar as paredes e deixar-se levar pelo instinto. O labirinto está dentro de mim, o labirinto sou eu, e no fundo do meu coração - sempre o soube - habita o Minotauro. Está sentado e, na tranquilidade das trevas, espera-me.
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