Poemas do Viandante (72)

72. Sem rosto ou idade

Sem rosto ou idade,
sem luz na colina,
repouso na melancolia

e espero a sombra

que do poente 

leva ao meio-dia.

Propriedades

Chegar ao momento da verdade, àquela hora em que o ser e o compreender coincidem. O que sou eu? Nada, puro nada. Tudo o que trago não me pertence, tudo o que ostento foi roubado, tudo o que proclamo, plagiado. Mas será que compreendo tudo isso? Não, não compreendo. Todos dizemos coisas que não compreendemos. Quando o compreender, poderei dizer que tenho tudo e que sou o Rei do mundo. Agora, não passo de um pobre súbdito ajoujado ao peso das suas inúteis posses.

Poemas do Viandante (71)

71. No desejo da mão

No desejo da mão,
a voz da alegria.

E um grito ilumina
o que fica de cada dia.

Poemas do Viandante (70)

70. UM PUNHAL RASGA A NOITE

Um punhal rasga a noite
e canta em silêncio.

Ave de sombra,

pássaro de seda,

luz na boca que fala.

Poemas do Viandante (69)

69. SOMBRA E CLARÃO

Sombra e clarão,
sulco de pedra,
lâmpada
onde ilumino o coração.