Salvador Dali, Cabeza de mujer, 1926 |
terça-feira, 24 de março de 2020
Histórias sem nexo 6. A mulher muda
domingo, 22 de março de 2020
Impressões 49. Música
sexta-feira, 20 de março de 2020
Haikai do Viandante (389)
quarta-feira, 18 de março de 2020
Diálogos morais 35. Simbolismo
segunda-feira, 16 de março de 2020
A Sarça Ardente - 13
sábado, 14 de março de 2020
Meditação Breve (123) Medo
David Turnley, Fearful Palestinian Girl, 1995 |
Não é necessário que tenhamos uma longa educação em ambientes de terror para que o medo se torne parte da nossa natureza. Basta que a ocasião se apresente, logo se apaga tudo o que o negava esse medo e uma linguagem mais arcaica tome conta do coração e invada cada célula do corpo.
quinta-feira, 12 de março de 2020
Histórias sem nexo 5. Os doidos
terça-feira, 10 de março de 2020
Diálogos morais 34. O guerreiro
Alfred Eisenstadt, Soldier says goodbye at Penn Station, New York, 1944 |
- Não te preocupes, não morrerei.
- Como sabes, a guerra...
- Eu fui feito para a guerra.
- E isso protege-te de quê?
- Como uma mãe, também a guerra protege os seus.
- Não brinques.
- Falo a sério. Sem eles o que seria dela?
domingo, 8 de março de 2020
Meditação Breve (122) Desabrigo
sexta-feira, 6 de março de 2020
A Sarça Ardente - 12
quarta-feira, 4 de março de 2020
Histórias sem nexo 4. O urbanista
Wassily Kandinsky, Amarelo-Vermelho-Azul, 1925 |
Hugo, o urbanista, ululava à saída do útero de Ursulina, a
mãe. Urgente, urgente. Cortem-lhe as unhas, urgia, o dr. Humberto. Tratem-lhe
da urticária, apliquem-lhe o unguento, vejam-lhe a urina, a ureia, a uretra.
Ufff, urrou o Hugo sem urbanidade, que urso tão urceolado.
segunda-feira, 2 de março de 2020
Meditação Breve (121) Passagens
sábado, 29 de fevereiro de 2020
Haikai do Viandante (388)
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020
Gatos velhos
James Van Der Zee, Smart Cat, 1931 |
Não foi tão difícil quanto pode pensar. Também me
surpreendi, mas só uma crença ingénua na uniformidade da natureza pode achar
acontecimentos destes um milagre. Não são, pois muitos são os caminhos que as
coisas podem tomar. Formei o projecto dois meses depois de terem chegado cá a
casa. Quando estava a ler, eles ficavam a olhar para mim, não miavam nem me
interrompiam. Um dia tentei ensinar-lhes o alfabeto. O difícil foi descobrir o
método. Descoberto este, facilmente aprenderam a ler. É o que vê, preferem
policiais e clássicos ingleses da época vitoriana. A poesia não os tenta e
dispensam o ensaio. Os óculos? Sem eles já não distinguem as letras. Os gatos
também envelhecem.
terça-feira, 25 de fevereiro de 2020
A Sarça Ardente - 11
Francisco Arjona, Composición III, 1984 |
Uma sombra
de água
arde-te no âmbar
das mãos.
O fruto do Inverno
desce ao sol
a encosta
madura da manhã.
Tudo se exalta
na recordação
do rumor
do desejo.
Janeiro de 2020
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domingo, 23 de fevereiro de 2020
Histórias sem nexo 3. O arqueólogo
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020
A mulher de sonho
Vicente Vela, Bodegón del ensueño, 1991 |
Quer que lhe fale da minha mulher. Será relevante para a
terapia, presumo. Nunca a compreendi e nunca soube por que casei com ela.
Talvez quisesse fechar esse assunto. Ela vivia nos seus sonhos. Não estou a ser
alusivo. A vida de cada dia era o prolongamento do sonho que tivera durante a
noite. Havia épocas de grande monotonia, pois todas as noites ela tinha o mesmo
sonho. Tanto quanto percebi, pelo seu comportamento em estado de vigília,
os sonhos tinham uma lógica incompreensível. Ignoro por que não enlouqueci. O
que lhe aconteceu? Uma tarde, depois de almoço, disse vou dormir um pouco.
Entrou então num dos seus sonhos mais recorrentes e desapareceu. Não a voltei a
ver.
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020
Diálogos morais 33. Loucos
Imogen Cunningham, Cemetery in France, 1961 |
- Também eu.
- Não. Tu estás morta e os mortos não enlouquecem.
- Não?
- Os vivos, sim. Começam a falar com os mortos.
- E isso é sinal de loucura?
- Sim, os mortos não existem.
- Então também eu enlouqueci.
- Não é possível, estás morta.
- Estou, mas falo com um vivo e aqui os vivos não existem.
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020
sábado, 15 de fevereiro de 2020
A Sarça Ardente - 10
Charles Marq, A un poète, 1984 |
Sem pássaros
para alumiar,
a Lua sulca
o silvo do silêncio.
Poisa luminosa
na resina
do fogo,
no ardor da tília.
Ouve-se no ranger
do ramo
o tremor
do tear do tempo.
Janeiro de 2020
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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020
Impressões 48. Os derrelictos
Sergio Larrain, Pisac, Peru, 1960 |
Como Cristo na cruz, também eles foram abandonados. Estão por ali, perdidos sem saberem o que se esconde para além da linha do horizonte. Como fantasmas, vão e vêm, mas na verdade nunca saem do mesmo lugar, do mesmo silêncio, da mesma hora que lhes marca o rosto com o estigma do esquecimento.
terça-feira, 11 de fevereiro de 2020
Diálogos morais 32. Anjos
Ilse Bing, Chairs with Leaves, Luxembourg Gardens, Paris, 1952 |
- A cadeira está vazia, podes sentar-te.
- Vazia? Não me parece.
- Ninguém a ocupa.
- Estás enganada.
- Enganada? Só vejo folhas mortas.
- São anjos cansados.
- Não brinques, anjos disfarçados de folhas?
- Sim, fazem-se de mortos.
- Para quê?
- Para não caírem em tentação.
domingo, 9 de fevereiro de 2020
Haikai do Viandante (386)
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020
Histórias sem nexo 2. O oboísta
terça-feira, 4 de fevereiro de 2020
A Sarça Ardente - 9
Gerardo Rueda, Encuentro, 1967 |
Falemos do caos
ou das carpas
mortas
na margem do rio.
Falemos da noite
ou das nuvens
esquecidas
na planície do céu.
Falemos do vazio
ou do vento
fatigado
no silêncio do
coração.
Janeiro de 2020
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domingo, 2 de fevereiro de 2020
Micronarrativa (30) Perda
Constantine Manos, The Boston Symphony Orchestra. Boston, Massachusetts, 1958 |
Subitamente, ela voltou-se e os meus olhos foram tomados por uma sombra que ainda hoje me atormenta. O seu corpo, o seu rosto, os seus olhos, tudo o que ela era dançou diante de mim e, num turbilhão, foi-se dissolvendo até nada restar. Perdi o grande amor da minha vida na hora em que o encontrei.
sexta-feira, 31 de janeiro de 2020
quarta-feira, 29 de janeiro de 2020
Impressões 47. Destroços
Edward Weston, Wrecked Car, Crescent Beach, British Columbia, 1939 |
Aquilo que um dia animou o olhar e encheu o peito de uma vã glória é agora um destroço, uma amálgama feita de restos de matéria lacerados pelo tempo e os fios tenazes do esquecimento. Olhamos e o que vemos é, vinda do futuro, a imagem dos nossos mais pueris.
segunda-feira, 27 de janeiro de 2020
Meditação Breve (120) Equilíbrio
Robert Capa, American actor Gary Cooper. Sun Valley, Idaho, 1941 |
Aquele que procura o equilíbrio sonha com a justa medida. Nem um passo a mais nem a menos. Nem um excesso de inclinação à direita nem à esquerda. Assim, o corpo aprenda a realizar o sonho que se sonha no fundo de si, pois ninguém é outra coisa senão o cumprimento dum sonho, esse mistério obscuro que rumoreja nos interstícios daquilo que é.
sábado, 25 de janeiro de 2020
A Sarça Ardente - 8
Paul Klee, Blue-Bird-Pumpkin, 1939 |
Um pássaro canta.
E o sino
ressoa
na voz velada
da ave
no bater
bárbaro do bronze.
Dezembro de 2019
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