Diane Arbus, Woman at a counter smoking, NYC, 1962 |
Sentava-se ao balcão, pedia uma bebida e ficava ali. Olhava
em frente, para qualquer coisa que só ela via. Depois, levantava-se e saía. A
princípio não estranhei. Com o passar do tempo, comecei a esperar por ela. Se
se atrasava, ficava ansioso. Não, não estava apaixonado, mas aquela presença
dava sentido à minha vida. Disseram-me que tinha perdido tudo. Registei a
informação. Um dia, ganhei coragem, e abordei-a. Ouvi dizer que perdeu tudo,
disse-lhe. Olhou-me e uma sombra velou-me o olhar. Sim, perdi tudo. Perdi-me de
mim e não sei quem sou. Esqueça-me. Porquê? Para que lhe serviria uma mulher
que não sabe quem é? E se soubesse quem era servir-me-ia para quê?