Gjon Mili, Stroboscopic image of ballerina Nora Kaye performing a “pas de bourree”, 1947 |
quinta-feira, 17 de março de 2022
Micronarrativa (59) Dança
terça-feira, 15 de março de 2022
O sal do silêncio (76)
Otto Wunderlich, Casas Asturianas, 1920s |
domingo, 13 de março de 2022
Sete Cartas - 1 Ao anjo de Éfeso
Salvador Dali, Angel, 1950 |
Palavras dirigidas ao anjo dos efésios,
ao que vela dia noite sobre os ombros dos homens
e na sombra da árvore inscreve um incêndio:
fogo de palha, combustão de luz,
a labareda tecida com o feroz fio do esquecimento.
Anjo de asas recurvas e braço erguido
refrigério das praias banhadas pelo mar da memória.
Eu sou Aquele que em sua dextra ergue as sete estrelas
e nos céus componho uma constelação.
De noite, os homens olham-na
e na geometria do olhar suspeitam
a linha do horizonte, a luz estelar da minha face.
Escutam-me os passos perdidos
entre o azul da Terra e a alucinação do âmbar.
Olho do fundo do coração e vejo o mundo crescer,
a formiga lavra a poeira das tardes, as noites azotadas,
os dias feridos pelos tambores da morte.
Trabalhaste a dor insinuada na pele,
cresceste em cidades de mármore e escuridão.
Como um insecto poisado na carnação do fruto
abraçaste o nome tão breve que trazes em ti.
Dentro do peito abriu-se um muro, uma paisagem
toldada pelo nevoeiro. Embaciado, entregaste o fulgor
à transfiguração da tarde e nela construíste casa de colmo,
morada sombria de silêncio na rua da verdade,
o castelo de muralhas incendiadas pelo lume da guerra.
Envelheces e a cor dos dias de festa
perde-se na areia desmaiada sob o sol da solidão.
Abre o peito à minúcia do gesto,
deixa correr como um rio o orvalho e o sangue.
Ao arderem, as ruas entregam a úlcera das casas
ao martelo de mármore, à carne salgada,
às asas recurvas do anjo dos efésios.
Um sulco de seiva na penumbra do pólen,
a abelha deliba o fogo no cálice da vida.
1993
sexta-feira, 11 de março de 2022
quarta-feira, 9 de março de 2022
O Espírito da Terra (8)
Francis Frith, Twickenham Thames, 1890s |
segunda-feira, 7 de março de 2022
Impressões 93. Noite
sábado, 5 de março de 2022
Câmara discreta (5)
Roberto Rive, House of Marco Olconio, Pompeii 1860s |
quinta-feira, 3 de março de 2022
Meditação Breve (176) Contra a parede
terça-feira, 1 de março de 2022
O sal do silêncio (75)
domingo, 27 de fevereiro de 2022
Haikai do Viandante (423)
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022
Micronarrativa (58) Do exílio
Autor desconhecido, Women carrying water, Volendam Holland, 1920s |
terça-feira, 22 de fevereiro de 2022
Impressões 92. Luz na floresta
Leonard Missone, Sunlight in a forest, 1929 |
domingo, 20 de fevereiro de 2022
Câmara discreta (4)
Leonard Misonne, Old people, old houses, 1930s |
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022
Meditação Breve (175) Crepúsculo
Samuel H. Gottscho, Midtown Manhattan & Empire State building at Dusk, 1930s |
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022
O sal do silêncio (74)
Otto Wunderlich, Sierra de Gredos (Tipos), España, 1920s |
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022
A Sarça Ardente - 100
Edvard Munch, Alameda con copos de nieve, 1906 |
sábado, 12 de fevereiro de 2022
Impressões 91. Realidade
Harry Callahan, Eleanor, Chicago, 1952 |
sábado, 5 de fevereiro de 2022
Haikai do Viandante (422)
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022
Câmara discreta (3)
Leonard Missone, By the Watermill, c. 1900 |
A melancolia de olhar para a outra margem, como se
o corpo fosse habitado pelo mais terrível dos desejos, o de estar precisamente
no lugar onde não se está. Então, o tempo suspende-se, coagula e a fluidez das
águas torna-se pedra e gelo, a anunciação da eternidade. Nesse instante que a
câmara surpreendeu, a vida elevou-se sobre si mesma e estendeu uma ponte
que liga a margem do passado à margem do futuro.
terça-feira, 1 de fevereiro de 2022
Meditação Breve (174) O trabalho do tempo
Aaron Siskind, Rome 5, 1967 |
A pedra erodida é uma marca da passagem do tempo. É também uma lição dos efeitos deste. Apagamento dos contornos, simplificação da figura no seu esboço, redução de cada coisa ao magma da pura indiferenciação. O tempo é o mais feroz agente igualitário. Apaga os vestígios de tudo o que se quer proeminente e transforma em poeira o que, por uns momentos, ganhou individualidade.
sábado, 29 de janeiro de 2022
A Sarça Ardente - 99
Thomas Cole, Expulsión. Luna y luz de fuego, 1828 |
quarta-feira, 26 de janeiro de 2022
O sal do silêncio (73)
domingo, 23 de janeiro de 2022
Câmara discreta (2)
Autor desconhecido, Avenue des Champs Elysées, Paris c. 1870 |
sexta-feira, 21 de janeiro de 2022
Haikai do Viandante (422)
Ivonne Sánchez Barea, Cienaga azul II, 1999 |
terça-feira, 18 de janeiro de 2022
Arqueologias do espírito 26
Émile-René Ménard, La Nube, 1896 |
domingo, 16 de janeiro de 2022
A Sarça Ardente - 98
António Carneiro, Porto Manso, o Rio Douro em Ancede, 1927 |
sexta-feira, 14 de janeiro de 2022
Impressões 90. Neve
Burk Uzzle, Winter Park, Central Park, NYC 1960 |
quarta-feira, 12 de janeiro de 2022
O sal do silêncio (72)
Jean Giletta, Oliviers et fruits, c. 1890 |
segunda-feira, 10 de janeiro de 2022
Câmara discreta (1)
Thomas Miller, Hatton Hall, School for Young Ladies, Wellingborough, 1860s |
sábado, 8 de janeiro de 2022
Meditação Breve (173) O insulto
Vespeira, Parque dos Insultos, 1949 |