119. A MAÇÃ
o voo da maçã
na história
daquela mão
dança como
a nostalgia
que chega
pelos dias
de setembro
se olhas
já não vês
imagens são
pequenos pontos
de erva e vento
neles
a cegueira cresce
inundando de luz
a maçã pousada
nessa mão
quarta-feira, 28 de julho de 2010
domingo, 25 de julho de 2010
Poemas do viandante
118. VIDA
cinza abre-se
na água
que corre
daqueles olhos
um sonho
o tempo de calcário
a flauta incendiada
onde repousa
a vida perdida
entre escolhos
cinza abre-se
na água
que corre
daqueles olhos
um sonho
o tempo de calcário
a flauta incendiada
onde repousa
a vida perdida
entre escolhos
sábado, 24 de julho de 2010
Poemas do viandante
117. FUTURO
o futuro não é a rosa
ou o silêncio seco
das tardes de verão
branco como um muro
de quinta
chega quando
as andorinhas partem
- sob a tua luz -
para a inquietação
do sul
o futuro não é a rosa
ou o silêncio seco
das tardes de verão
branco como um muro
de quinta
chega quando
as andorinhas partem
- sob a tua luz -
para a inquietação
do sul
quarta-feira, 14 de julho de 2010
Poemas do viandante
116. ENIGMA
um fogo de ervas
no palácio
onde o rei
te espera
uma flor inclinada
como um enigma
na boca
da tarde
um traço de sombra
respira
no coração
que desperta
um fogo de ervas
no palácio
onde o rei
te espera
uma flor inclinada
como um enigma
na boca
da tarde
um traço de sombra
respira
no coração
que desperta
domingo, 11 de julho de 2010
Poemas do viandante
115. ÁRVORE
deixar vir
a árvore
com a sua
cegueira
espalhar
entre tufos
de joio
a sombra verde
do trigo
deixar vir
a árvore
com a sua
cegueira
espalhar
entre tufos
de joio
a sombra verde
do trigo
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Poemas do viandante
114. PALAVRA
a palavra
sombra
de água
no jardim
a que chamas
porto
navios
gaivotas
círculos
sobre os ombros
aí suportas
o mundo
a palavra
sombra
de água
no jardim
a que chamas
porto
navios
gaivotas
círculos
sobre os ombros
aí suportas
o mundo
quarta-feira, 7 de julho de 2010
segunda-feira, 5 de julho de 2010
Dessubjectivação
Um dia de calor. Tudo se torna mais difícil. Aquilo que se exige é agora, mais que em outros dias, um campo de negação de si mesmo, um território de oblação e sacrifício. Cumprir cada uma das tarefas, não esperando nada delas, mas oferecendo-as como aprendizagem do esquecimento de si. Uso a palavra dessubjectivação. Este cumprir do dever como uma entrega e negação da vontade própria é uma forma de dessubjectivação, um rasgar da máscara, um passo para além da ilusão da nossa substancialidade. A dessubjectivação não é obrigatoriamente, como muitas vezes acontece, uma alienação, um estranhamento. Pode ser um passo para a clareira onde O que não vemos se manifesta. No sacrifício das tarefas quotidianas encontramos um caminho, um difícil caminho para quem sente o apelo da quietude. Mas há que cumprir essa Vontade que não é a nossa.
Etiquetas:
Negação de si,
Sacrifício,
Sujeito,
Vontade
sábado, 3 de julho de 2010
Poemas do viandante
112. FOLHA
a folha tocada
pelo silêncio
inclina-se
deixa o vento
passar por ela
suspende a noite
se a seiva
dos teus dedos
se demora nela
a folha tocada
pelo silêncio
inclina-se
deixa o vento
passar por ela
suspende a noite
se a seiva
dos teus dedos
se demora nela
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